O universo

Felipe Afonso
2 min readNov 15, 2019

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Era apenas mais uma missão de exploração de um enigmático pedaço de céu, nobre coragem que em terra firme muito inspira, e partiu confiante na curiosidade que sempre o guia, desbravando o vácuo até outrora intocado.

Algo estranho o distrai e, antes que pudesse sentir falta do medo, se viu vagando pela sensação oriunda do infinito mais literal que existe encarando suas retinas.

Numa fração de piscar de olhos a essência do universo, desde sempre incompreendida, inundou seus sentidos e o tirou para uma dança, cuja coreografia se revelava como se o futuro o ensinasse no presente.

Os extremos da eternidade agora estavam tão claros como a certeza de que nunca os veríamos. Palavras ainda não inventadas não seriam suficientes para representar a beleza do que estava vislumbrando, era como sentir o sabor das cores emanadas pela imensidão do que ainda não sabemos.

Chegara o momento em que a humanidade deixaria de achar novos mistérios de acordo com o que a fraca luz da lanterna da curiosidade iluminasse primeiro, para acender a luz da caverna inteira?

Nossos cérebros deixarão para sempre de vaguear em nossos conhecimentos atrás de uma resposta auto-convincente para explicar tudo aquilo que não sabemos?

Será o fim da falsa sensação de segurança em nosso mundo?

Sentiu-se forte por um momento por poder respeitar a magnitude do que estava encarando, até que percebeu uma pitada de destino quando a caneta que escreve a história da humanidade se acomodou entre os seus dedos.

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Felipe Afonso

Eventualmente disponível para sensações que trazem palavras iradas de se encaixar. @ffelipetico ffelipesiqueira@gmail.com